segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
O mago dos números
12/1/2010
Fonte: Século Diário
Editorial
Embora não tenha abandonado de todo a tática das desculpas esfarrapadas para justificar o aumento da criminalidade, o secretário Rodney Miranda resolveu apelar para a manipulação de números estatísticos desde que se lançou candidato a deputado federal nas próximas eleições.
Deve achar que, com isso, a população será mais compreensível diante de seu fracasso como gestor da segurança pública no Estado. É cedo para avaliar a eficácia dessa tática de embuste, mas acreditar nela é fazer pouco caso da inteligência do contribuinte-eleitor.
Nos quartéis da PM, a maquiagem dos números tem sido objeto de piada. Isso porque os levantamentos sobre a violência têm como origem o Ciodes (Centro Integrado Operacional de Defesa Social), dirigido por policiais militares.
Trata-se de um moderno sistema informatizado que unificou os telefones emergenciais utilizados pelas Polícias Civil, Militar e o Corpo de Bombeiros, realizando um trabalho essencialmente técnico e, portanto, confiável.
A utilização política dos números levantados pelo Centro deixa furos, como os que foram detectados por Século Diário na matéria em destaque nesta edição, e por isso pode ter efeito inverso ao esperado pelo secretário.
Nesse sentido, a matéria de Século Diário é esclarecedora. Mostra, por exemplo, que a manipulação não permite mais que acrobacias numéricas, com base mais em suposições do que em fatos concretos.
Em seu mais recente trabalho de maquiagem, Rodney não conseguiu mais que uma suposta e mínima tendência de queda no número de homicídios, com base num aumento da população interiorana que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) não confirma.
Rodney foge da relação que se estabelece em avaliações do número, comparando-se o total de homicídios por cem mil habitantes. Então, é forçado a admitir que o número de homicídios subiu no interior, mas caiu na Grande Vitória (um pouquinho de nada, mas caiu), onde é importante ser esta região a que tem maior número de habitantes (leiam-se eleitores) e onde se produzem mais riquezas (produção e renda).
O cômputo geral de homicídios, contudo, aponta sensível crescimento em 2009 em comparação com 2008, mesmo excluindo-se as mortes violentas resultantes de latrocínios, confrontos” com a polícia, ferimentos graves que resultam em óbitos, mas que não são registrados oficialmente como homicídios.
Na concepção do secretário, homicídio mesmo se caracteriza por um cadáver crivado de balas ou furado a facadas encontrado na via pública.
É uma concepção seletiva de homicídio. Que só entra nos levantamentos do falso mago dos números e não convence ninguém de sua veracidade.
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