Fonte: Jornal do Comércio
Corporações seriam transformadas em uma nova polícia desmilitarizada
Edgar Lisboa e Pedro Amorim, de Brasília
Uma das prioridades para o ano que se inicia é o reestudo da situação das polícias Militar e Civil nos diversos estados brasileiros. Em praticamente todo o território nacional nos deparamos com policiais mal remunerados, polícias desequipadas e desvalorizadas que "agonizam com absoluta falta de condições para o efetivo combate à criminalidade".
"Somadas a esses fatores, ainda verificamos a sobreposição de atuação, duplicidade de estrutura física e uma verdadeira desorganização no que concerne ao emprego da força de cada uma das instituições, em face de comandos distintos que, muitas das vezes, ao invés do trabalho integrado, acabam por disputar espaço", justifica o deputado Celso Russomanno (PP-SP), autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 430/09. O propósito do projeto é unificar as polícias Civil e Militar.
A proposta está tramitando na Câmara dos Deputados e tem como objetivo desconstituir as polícias Civil e Militar dos estados e do Distrito Federal e transformá-las em uma nova polícia desmilitarizada e subordinada diretamente ao governador de cada estado (o comando será único em cada ente federativo) que nomeará o dirigente para mandato de dois anos, após a aprovação pela respectiva Câmara ou Assembleia Legislativa.
Quanto ao corpo de bombeiros, a proposta também pretende desmilitarizar nos lugares onde, ainda, está integrado às polícias militares.
Cabe ressaltar que, pelo projeto, nenhum dos integrantes das atuais polícias civis, militares ou corpo de bombeiros sofrerão qualquer tipo de prejuízo remuneratório ou funcional.
Russomanno salienta que existem dissonâncias entre as polícias tanto por falta de comunicação, planejamento ou comando único na execução de ações, quanto pela duplicidade de estruturas físicas e de equipamentos.
"Fatores que demandam custeio e investimento dobrados, se refletindo em verdadeiro desperdício de dinheiro público, em especial em uma área tão carente de recursos como é a segurança pública", aponta.
Ao longo deste semestre será criado um grupo especial na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) para apreciação da matéria. O relator é o deputado gaúcho Mendes Ribeiro Filho (PMDB) que já deu voto favorável ao projeto e destaca que essa nova polícia "tem várias funções, mas ela é única. É a integração não no discurso, mas na prática".
Proposta repercute entre parlamentares federais
Delegado de polícia nos anos de 1991 e 1992, o deputado João Campos (PSDB-GO) analisa os prós e os contras da Polícia Única. Segundo Campos, a vantagem seria a unificação do planejamento, do comando, da estrutura, das diretrizes e da formação.
Entretanto, as desvantagens passam por um menor controle uma vez que grandes estruturas dificultam os mecanismos de acompanhamento tanto por parte da gestão quanto da operacionalidade. Além disso, cita que o Estado ficaria quase refém dessa única força pelo seu gigante aparato sindical, e a sociedade, diante de uma greve policial, ficaria desprotegida, já que não contaria com a cobertura de outras polícias.
"Em qualquer sistema, seja com Polícia Única ou com diversas polícias, o ponto crucial é a ausência de financiamento definido e investimentos constantes, além de boa gestão. Na verdade, é isso que falta ao nosso sistema policial e não a mudança do sistema", analisa João Campos.
"Quer minha opinião? Sou contra", diz o deputado e militar Jair Bolsonaro (PP-RJ) sobre a Polícia Única. Ele também aponta para o fator da greve e cita o exemplo da Polícia Civil do Distrito Federal, que ficou paralisada de 4 a 18 de dezembro. "Se fosse uma Polícia Única estaria todo mundo em greve", declara.
O deputado não acredita na melhoria da área de segurança depois da PEC. "Essa ideia de achar que desmilitarizando se vai melhorar a segurança pública é apenas discurso", ironiza.
Para o deputado Paes de Lira (PTC-SP), coronel da Polícia Militar de São Paulo, o Brasil é o único país do mundo que tem duas "meias polícias". O deputado explica que isso é um resquício do governo militar. "A Polícia Militar previne e a Polícia Civil reprime. Temos duas meias que não atuam por inteiro", sustenta.
O deputado é contra a PEC, pois entende que é preciso agregar o ciclo de atuação das polícias Civil e Militar e não unificá-las criando uma "Super Polícia". "Na França existem duas polícias: uma militar e outra civil, ambas com competência preventiva e repressiva", exemplifica.
O deputado Capitão Assumção (PSB-ES) ressalta que o cidadão não sabe por qual polícia é atendido nas ruas. Quando termina a primeira ocorrência, o indivíduo pensa que o trabalho vai ser continuado pela Polícia Militar (ostensiva), mas é passado para a Polícia Civil (judiciária), causando uma interrupção na ação. "Sou a favor da unificação em uma única polícia Civil, desmilitarizada e de ciclo completo. Não pode mais existir um trabalho dicotômico. O policial que atende na rua deve ser o mesmo que vai até o final para resolver o problema", afirma.
O deputado revela que existe uma rixa entre as polícias Civil e Militar. "Há uma tensão entre a polícia ostensiva e a judiciária. Se acabaria com isso no momento em que fossem uma única". Para ele, os policiais desmilitarizados seriam gerenciadores de conflito que poderiam participar das investigações criminais existindo uma mesma polícia. "Isso ajudaria a fortalecer a resolução dos conflitos", conclui.
O delegado e deputado Laerte Bessa (PSC-DF) entende que o assunto é de grande complexidade e que deverá ser enfrentado. "Para se chegar à Polícia Única, a exemplo de outros países, serão necessárias exaustivas negociações e um amplo período de transição, de modo a não ferir os direitos adquiridos das partes envolvidas", pondera.
wenderson mg
ResponderExcluirConcordo com a dsmilitarização e o ciclo completo,devemos sim afastar a imagem da polícia `a das forças armadas, mas sou mas favoravel ao exemplo Frances.É que para unificar duas forças tão diferentes uma da outra não me coloca a confiança taõ necessária para este desfecho.Acho bem mais fácil e simples dar o ciclo completo para as duas polícias e regionalizá-las no atendimento, do que ter uma unica força tomando conta de nossas ruas,e esse fato de greve é uma coisa que deve ser pensada.Também devemos levar em consideração que em países onde o serviço policial é unificado,este não é único.È realizado por diversos departamentos, estadual,municipal e regional [ os condados].
ResponderExcluirSE SÃO A FAVOR DA PEC DE UNIFICAÇÃO DE AMBAS AS POLÍCIAS , PORQUE NÃO ACEITARAM A VINCULAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL NA PEC 300?
ResponderExcluiros especialistas falam tanto de Policia,mais esquecem dos municípios que em muitos casos suas Guardas Municipais fazem a parte da PM por ausência das forças dos Governos dos Estados, infelizmente com esse lobi dos Militares influenciando na Segurança Publica, vai demorar para melhorar, se falam de greve das policias se acabar o Militarismo,isso é um absurdo !! se os municípios tem suas Policias, o exercito também tem sua Policia, ao contrario do que dizem se houver as policias municipais é um motivo a mais para que as policias dos Estados mostrem a eficiência,e o povo não tem o que temer com suas policias locais.
ResponderExcluiresses Deputados estão tão preocupados com a segurança publica que para eles so existe uma policia "POLICIA MILITAR" e a pec 300, a verdade é que na maioria das cidades Brasileiras as POLICIAS MILITARES vivem de favor das PREFEITURAS, com alugueis de bases, combustíveis, pro-labores,viaturas,vale refeições etc.. e mais ainda matem as GUARDA CIVIS MUNICIPAIS, para auxiliar no POLICIAMENTO como acontece aqui na minha cidade,a PREFEITURA ajuda a PM com tudo e quando nós precisamos temos que chamar a GUARDA CIVIL, assim caros políticos ficam difícil acreditar que exista um trabalho serio na segurança do Brasil....
ResponderExcluirquerem a unificação das POLICIAS MILITARES e CIVIL, primeiro tem que resolver a situação dos MUNICÍPIOS, e suas GUARDAS MUNICIPAIS que na grande maioria, fazem o papel de POLICIAIS MUNICIPAIS.
ResponderExcluirA guarda Civil Municipal vem desempenhando um excelente papel no que diz respeito a segurança pública. O que deve ser discutido sim é a unificação das polícias ea mudança na legislação por projetos de emendas com a transformação das guardas Municipais em Polícias Municipais esses profissionais tem uma grande importância para garantir nossa segurança.Pra mim deve se criar uma polícia municipal ou Comunitária a Guarda Civil inclusa na segurança pública á os vagabundos que se cuidem.
ResponderExcluirse os policiais tiverem um salario digno e atrelado ao salario dos palamentares duvido que farão greve.
ResponderExcluirsou a favor da unificação, poís hoje são duas instituições caríssima para os estados e não oferecm segurança nenhuma, poís são partidarias.
ResponderExcluirSou a favor da unificação e desmilitarização, essa por não dar dignidade ao servidor. Dignidade que a PM trato prega. E também, tem que acabar com os postos de Coronel, Ten.Cel.,Major. E o posto maior seria o de Capitão (o mais competente)p/ comandar um CPC,CPM,CPI,Btls etc. E acabar com policiais fazendo a parte administrativa da corporação. O certo seria colocar civis p/ o serviço burocrático. Tudo isso, iria aumentar o policiamento na rua e economizar com policiais que exercem a função de motorista p/ cada um dos coronéis dos diversos CPC, CPI, CPM, e os batalhões dessas unidades, e acabar com o cabide de emprego nesses locais. E mais, tem também um veículo p/ cada Cel. (Vectra)+ gasolina, uns moram a 300 km de onde trabalham. Vejam o quanto iriam economizar com isso, dando a oportunidade de um salário mais digno p/ os policiais. Sou apenas mais um brasileiro que pago impostos e sinto na obrigação de alertar a todos sobre este rio de dinheiro jogado fora. Boa tarde!!!
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