Fortaleza é uma cidade incrível em termos de mobilização social. Um fenômeno cultural, que faz até a direita ser mais à esquerda. Qualquer corrente do movimento sindical ou político, em Fortaleza, acaba distoando dos próprios discursos praticados em nível nacional, e as manifestações são feitas com chuva ou sol, com ou sem gente para assistir, com ou sem cobertura de TV, como foi o caso.
Esse preâmbulo serve para explicar porque, passeando pela Avenida Beira Mar num sol causticante de sábado às 10h da manhã, vi uma passeata enorme, de policiais e entidades apoiando a luta pela PEC 300, projeto do legislativo federal que, se virar lei, elevará os salários de policiais e bombeiros para a faixa dos R$ 3 mil.
Os discursos chamavam a atenção dos moradores (a praia estava vazia) para a insegurança no Ceará, para os míseros salários e a política de enganação dos turistas, que passam pela praia vendo policiais militares em modernos veículos Segway (aquele que só tem duas rodas, tipo patinete) e as Rondas em caminhonetes Hilux com ar condicionado e equipamentos de primeira. Em cima de todo esse aparato, estão policiais pessimamente remunerados. Há 4 anos não há concursos para a polícia civil.
Uma caminhonete da Ronda chegou próxima à manifestação e serviu para direcionamento dos discursos sobre o contraste do belo carro versus mísero salário. A Hilux bateu em retirada.
Também se falou da migração do crime organizado que está sendo expulso do Rio de Janeiro para o Nordeste, sem a contrapartida de reforço policial.
Aqui vai o meu depoimento, de andanças de mais de 20 anos pelo interior do Ceará: há delegacias pessimamente aparelhadas (tem carro mas não tem gasolina), jurisdicionando mais de uma dezena de municípios. Destacamentos da PM com sargento e soldado, sem viatura, com armamentos nem sempre com balas. E salários que, até pouco tempo atrás, não chegavam ao mínimo. Hoje é comum ver em Fortaleza alguns bacanas andando de carro blindado com batedores de moto, porque a segurança pública não acontece depois de umas três ruas paralelas à Beira Mar.
O ato contou com a presença do deputado federal Eudes Xavier, do PT, um dos poucos governistas que se coloca claramente em apoio à PEC 300, já aprovada em primeira instância na Câmara dos Deputados. Há oposição de setores governistas em várias esferas, pelo impacto que o reajuste traria aos cofres públicos, e as manifestações pretendem não deixar engavetarem a proposta.
No local também pudemos ver, fora da manifestação, o deputado Raimundo Matos, do PSDB, acompanhando a passeata. Também estavam presentes a diretoria e a oposição dos vigilantes, os sindicatos da polícia, associação de esposas de militares e centrais sindicais, entre outros. O fato lamentável nesse ato suprapartidário de apoio à melhoria das condições de vida dos policiais foi um breve discurso da Secretária Geral da Força Sindical, denunciando que a CUT não jogou peso no ato, e mandando o carro de som da entidade ficar no final do cortejo.
Fonte: blogdobranquinho
parabéns aos policiais de Fortaleza, com bem menos efetivo, fizeram o que tinha que ser feito, sem medo, paralização geral já!
ResponderExcluirNão desistam policiais brasileiros!!!!!!
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