Capitão Assumção: "Se houver esse convite por parte do Renato (Casagrande) não recusarei"
O deputado federal Capitão Assumção é o entrevistado desta semana. Na entrevista ao editor do Blog Poder, Política e Bastidores em tempo real, o parlamentar fala do resultado da eleição, mas principalmente, sobre a cogitação nos bastidores da política capixaba sobre a possibilidade dele assumir a pasta da Segurança Pública a partir de 2011, no futuro Governo de Renato Casagrande.Poder, Política e Bastidores em tempo real
Como o senhor avalia o resultado das eleições?
Capitão Assumção
Foi um grande aprendizado. Apesar de não ganharmos imediatamente uma das 10 vagas para a Câmara dos Deputados, fizemos uma campanha que foi o diferencial nessas eleições. Nossos policiais e bombeiros, principalmente, foram às ruas buscar o voto do comprometimento, da amizade e do familiar. Sem recursos financeiros, trouxeram para as urnas 65.797 votos. Esse é o grande capital político. Não é um capital político sazonal.
Como assim, sazonal?
Vou explicar melhor. A cada eleição, os candidatos buscam as suas lideranças em todo o Estado, seja de que forma for, e tentam capitalizar votos. Praticamente saem do zero. É um fato. No nosso caso, a nossa militância tem um propósito: de ampliar cada vez mais esse capital. Quem vota, vota no amigo. Saímos de pouco mais de 30 mil votos para mais que dobrar esses votos. Mostramos essa ascensão.
Como os militantes receberam o resultado?
Parecia final de copa do mundo com a derrota do Brasil. Muitos companheiros ligaram chorando muito. Simplesmente não acreditavam. As pesquisas apontavam a nossa vitória entre as cinco vagas da coligação. Os poderosos, que encomendaram as pesquisas, quando viram que ficariam de fora investiram pesado nos últimos dias. Havia um grande número de indecisos...
Parece que em alguns lugares os policiais foram impedidos de votar. Como se deu isso?
Isso aconteceu especialmente no sul do Estado. Policiais me ligavam reclamando que estariam de serviço por mais de 12 horas e muitos, fora de seu domicílio eleitoral. Temos muito que amadurecer nessa caminhada política. Alguns comandos nos vêem como empecilhos. Mas é compreensível.
Há muitos cenários mostrando que o governador eleito poderá puxar nomes da sua coligação para assumirem o primeiro time do novo governo. Isso alavancaria o seu nome de retorno à Câmara. Confere?
Tudo pode acontecer. Nunca promovi obstáculos para não formar a atual coligação. As pessoas me falavam: “sai fora, pois essa coligação só tem fera”, mas precisávamos dar governabilidade ao Senador Casagrande. Contribuímos sobremaneira e sabemos que existe essa chance real de composição de secretariado. Mas estamos no aguardo. Quem tem a caneta é o Renato (Casagrande).
E quanto à pasta de Segurança Pública? Na internet o que se vê já é uma campanha forte onde os internautas querem o senhor como novo Secretário. Tem fundamento?
Tenho recebido muitos telefonemas, e-mails, torpedos, postagens no mini-blog (twitter) e pedidos diretos. Seria um grande desafio na nossa carreira assumirmos essa pasta. Nasci para desafios. Se houver esse convite por parte do Renato (Casagrande) não recusarei. Precisamos mudar o foco para resolvermos o problema das altas taxas de criminalidade. O que temos visto até agora é a repetição de procedimentos “padrão” que só resultaram em mais e mais homicídios. Temos que ir mais além, interligando as secretarias de governo, por exemplo. Prevenir a criminalidade não é uma ação que envolva somente a polícia. Todos têm que participar. Sempre menciono a Secretaria de Cultura, que deveria fazer parte desse processo, mas está alhures. Não pode. Nossos grupos vulneráveis estão à mercê da criminalidade. Precisamos, principalmente, valorizar o capital humano. Há um excesso de horas trabalhadas que estão saturando o trabalho policial e tirando-lhes a qualidade de vida. Quando há baixa qualidade de vida há uma proeminente redução da produtividade. Quem sofre é a população.
Se esse fato se tornar real vai ser interessante, pois o senhor foi um crítico contumaz do antigo Secretário de Segurança Rodney Miranda, que agora será deputado estadual. Incomoda o senhor?
Nem um pouco. Denunciei com veemência as arbitrariedades de um forasteiro em terras capixabas. Se o Renato (Casagrande) me convidar para a pasta da Segurança Pública, não somente aceitarei com o maior prazer, mas tenho convicção que teremos os policiais mais motivados para o trabalho. De uma coisa você pode ter certeza: os números deixarão de ser mascarados e as taxas de criminalidade cairão. O que aconteceu e acontece ainda – pois o secretário saiu, mas deixou os seus filhotes – é que o Hartung montou a sua polícia política para blindar o seu governo com esse capataz (Rodney Miranda) que agora vai ungido pelo governador nas urnas, ser premiado por maus serviços prestados, se tornando deputado estadual. Total descalabro.
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