quinta-feira, 14 de julho de 2011

Bombeiro que teve perna amputada volta para casa

Camila Galvez

Seis viaturas do Corpo de Bombeiros estacionaram ontem, por volta das 13h, em frente ao número 1.477 da rua Espírito Santo, no bairro Cerâmica, em São Caetano. Mas não havia ali nenhum incêndio ou tragédia, e sim um momento de muita alegria e emoção: a volta do sargento Márcio Gonçalves Pereira, 37 anos. O sancaetanense foi atropelado enquanto atendia uma ocorrência na Zona Norte da Capital, onde atuava, e teve a perna direita amputada.

Pereira passou 39 dias internado no Hospital das Clínicas. A perna esquerda foi fraturada, e ainda está em recuperação. O sargento nasceu na região, mas mora em Guarulhos. Durante o tratamento, ficará na casa dos pais, José Gonçalves Pereira, 70, e Maria Francisca das Graças Pereira, 68, onde foi recebido ontem por cerca de 100 pessoas, entre amigos, familiares e companheiros do Corpo de Bombeiros do Grande ABC e da Capital.

A casa foi decorada especialmente para a volta do bombeiro, com direito a faixas e bexigas nas cores vermelha, da corporacão, e branca e preta, do Santos, time do coração de Pereira. Dona Maria explicou que o filho está na carreira há 19 anos. "Ele começou estimulado pelo irmão mais velho, que também é bombeiro", contou.

O coração de mãe quase saltou pela boca quando o filho finalmente desceu da viatura, sob o som de sirenes e fogos de artifício. O pai de Pereira, seu José, emocionou-se. "Só de ver ele em casa fico aliviado", afirmou.

Além da surpresa de reencontrar a família, o sargento Pereira recebeu a visita do capitão do Santos, Edu Dracena, que entregou ao bombeiro uma camisa do time autografada pelos jogadores e a faixa de capitão. "Espero você no centro de treinamento", disse Edu. "Pode ter certeza de que vou", afirmou Pereira.

ACIDENTE
As lágrimas rolaram pelo rosto de Pereira quando ele abraçou o soldado Vanderlei José Souza Cruz, 36, outra vítima do acidente. Cruz teve fratura no pé e anda de muletas.

No dia 4 de junho, os dois bombeiros foram chamados para atender uma batida de carro contra um poste na Praça Delegado Amoroso Neto, no bairro Casa Verde, em São Paulo. A vítima, do sexo feminino, sentia-se bem e se recusava a entrar na viatura para ser atendida. Enquanto tentavam convencê-la, um carro apareceu na curva da rotatória que circunda a praça em alta velocidade e bateu contra a viatura. "Escapei porque vi o carro vindo e me joguei para dentro da viatura", afirmou Vanderlei.

Pereira não teve a mesma sorte: sua perna ficou prensada entre o automóvel e o para-choque do carro de resgate. "Só tenho flashes, não me lembro direito do que houve", disse.

O motorista do carro se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas exames clínicos comprovaram que ele estava sob efeito de álcool. Como não houve vítimas fatais, ele passou 15 dias preso e foi liberado após pagar fiança.

RECOMEÇO
"Agora estou focado na minha recuperação, não guardo rancor. Só quero ficar bem", garantiu Pereira, enquanto familiares e amigos faziam fila para cumprimentá-lo. A filha Bruna Ferreira de Campos Pereira, 10 anos, entregou flores ao pai e disse baixinho: "Eu te amo muito, papai".

O sargento tem ainda mais uma menina, a pequena Giovana de Freitas Gonçalves, 3, fruto do casamento com a enfermeira Elissandra de Freitas Cavalcante, 33. "Agora ele está em fase de adaptação. É o recomeço de uma nova vida".

Vida em que o sargento não poderá mais atuar como bombeiro. "Vou viver no quartel para preencher esse vazio que tenho aqui dentro. Podem me esperar", avisou aos colegas.

É uma nova vida, sim, mas os pedaços da antiga ficarão para sempre na lembrança e no corpo de Pereira, um alerta vivo por um trânsito mais seguro

Fonte: Diário do Grande ABC

3 comentários:

  1. Ao colega Sargento Márcio Gonçalves Pereira, que DEUS lhe dê muita saúde e trânquilidade e uma boa recuperação.

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  2. AO MEU IRMÃO DE ARMAS UM GIGANTESCO ABRAÇO DE TODO O CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,QUE DEUS TE ABENÇOE E TE GUARDE MEU IRMÃO A VC E TODA SUA FAMILIA,QUANTO ORGULHO DESSES NOBRES GUERREIROS.

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  3. Roberto Ponte Moreira24 de julho de 2011 às 17:28

    É um absurdo se este nobre cidadão, não puder voltar ao quartel, mesmo sem UMA PERNA, para trabalhar...
    Afinal ele perdeu apenas uma perna e não cabeça...
    Eu sou deficiente fisico e trabalho em uma cadeira de rodas...
    Precisamos mudar este PAIS!!!!

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