Cerca de 10 mil pessoas acompanharam a passeata realizada pelos bombeiros na Praia de Copacabana, na Zona Sul. Os manifestantes se reuniram em frente ao Hotel Copacabana Palace e seguiram em direção ao Posto 6. Vestindo vermelho, eles lutam por melhores salários para a corporação e pela anistia dos 439 militares que ficaram presos durante uma semana no Quartel Central de Charitas, em Niterói, região metropolitana do Rio.
"O que a gente procura agora é dignidade para o nosso trabalho e a liberação de todos os presos. Depois iremos atrás do aumento de salário", disse o bombeiro Geneci Barreiro Neto, 36 anos, se referindo aos profissionais que ainda não foram libertados. Ele participou do ato ao lado da mulher e se disse satisfeito com o apoio demonstrado pela população. "Tenho que agradecer o governador Sérgio Cabral, porque se ele fez uma coisa boa foi botar todo o povo ao nosso lado", ironizou.
A aposentada Maria Helena Freitas era uma das pessoas que decidiu apoiar os bombeiros. Ela acordou às 5h e foi sozinha, de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio, para a passeata. Segundo ela, a manifestação demonstra o poder que o povo pode exercer para conseguir justiça. "Não poderia perder essa passeata, pois há muito tempo não acontece algo parecido. O Brasil precisa lutar mais vezes".
Estiveram presentes no evento parlamentares estaduais, como Marcelo Freixo (Psol) e Flávio Bolsonaro (PP), e federais: Alessandro Molon (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Artistas também apoiaram a causa da categoria. A cantora Alcione compareceu de camisa vermelha e capacete da corporação.
Policiais militares se juntam aos bombeiros
Até policiais militares do 13º BPM (Praça Tiradentes) vieram à passeata dos bombeiros na Praia de Copacabana. Estavam vestidos com uma camisa azul em que havia escrito "PM no local". Por outro lado, bombeiros e simpatizantes vestem vermelho.
A cantora Alcione, madrinha do Corpo dos Bombeiros, se juntou aos manifestantes, vestida com uma camisa da corporação. Ela disse que a invasão do quartel na semana passada foi um momento onde todos estavam com a cabeça quente.E acrescentou que apoia a causa dos bombeiros por melhores salários e que está lutando pela anistia penal dos 439 detidos por participar da invasão.
Alcione disse ainda que o governador Sergio Cabral é um homem sensível e vai rever a situação dos militares, dando um aumento salarial justo.
Caso consigam a anistia, é como se eles nunca tivessem cometido crimes. No último sábado, os bombeiros informaram que pretendem recolher 600 mil assinaturas. Com o documento em mãos, os deputados estaduais vão criar um projeto de lei pelo perdão aos militares.
A população, que tem dado apoio à corporação, foi às ruas. Entre os bombeiros, estão também professores e policiais militares. No meio de tanta gente, uma presença ilustre. A cantora Alcione deixou sua casa no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste, para dar apoio à classe.
- O Rio hoje é vermelho. Desde o Recreio, só vejo pessoas com camisas vermelhas. Eles merecem a anistia e um salário melhor. Eles merecem porque, justo no Rio, acontece tanta tragédia. É só a gente lembrar do Bumba, de Teresópolis e outras tantas tragédias. É por isso que eu fiz questão de vir aqui hoje, de vermelho, apoiar quem pode salvar a minha vida.
A Marrom falou também da união das pessoas pelos bombeiros.
É um fato inédito, nunca se viu uma mobilização popular tão grande. Ninguém vai conseguir reverter isso. Está parecendo final de campeonato, a praia está lotada.
Pelos cartazes na orla, é possível notar que diversas pessoas vieram de longe apoiar os bombeiros do Rio. Há faixas de Mato Groso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e da região Nordeste.
Representante da ONU se junta à causa dos bombeiros e chama o Bope de covarde
"Essa é a categoria mais respeitada do Rio, o que o Bope fez foi uma covardia”. A frase é de Maria Margarida Pressburger, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e membro da Comissão de Combate à Tortura da ONU (Organização das Nações Unidas), que também se juntou aos milhares de manifestantes que dão apoio aos bombeiros na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.
Apesar de lamentar a forma como os militares foram tratados, Maria diz que é hora de lutar pela anistia.
- Eles não mereciam ser tratados daquela forma, mas agora vamos tentar conseguir a anistia deles. Já estamos lutando no congresso e na Alerj [Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro]. Com a manifestação de hoje, dá para perceber do lado de quem a população está.
Maria falou ainda sobre a solidariedade do povo brasileiro e lembrou que os oito bombeiros presos no Gepe estavam de folga na tragédia na região Serrana, mas se apresentaram como voluntários.
- É maravilhoso ver essa solidariedade. Dos oito bombeiros que estavam presos no Gepe, todos trabalharam na região serrana. Eles estavam de folga no dia 12, quando ocorreu a tragédia, pegaram seus uniformes e foram como voluntários para Teresópolis. Dois bombeiros que foram com eles, acabaram morrendo. Isso mostra como é a corporação. Agora é a vez de eles mostrarem o seu valor. O brasileiro é solidário, ajuda a quem merece e tudo isso é justo.
O grupo protesta por melhores salários e por anistia aos bombeiros que foram presos. Os bombeiros participantes também aproveitaram o evento para agradecer o apoio da população.
Postado por SOBREVIVENTE NA PMERJ