"Por ele amar tanto essa camisa, arrancaram a vida dele covardemente. Isso não é justo!”. Diante do corpo de Tadeu José Duarte de Oliveira, Kézia de Oliveira, esposa do policial, escancarou toda a revolta com a tragédia que acometeu sua família. A declaração foi feita ontem (10) pela manhã, na capela mortuária do cemitério Max Domini II, no município de Marituba, perante familiares, amigos, policiais civis e a imprensa.
E desabafos, lamentações e homenagens foram a tônica durante o sepultamento de Tadeu de Oliveira. Uma filha do policial, que é adolescente emocionou a todos ao cantar duas canções. Algumas autoridades da Polícia Civil do Pará compareceram ao local, dentre elas, a delegada Ione Coelho, titular da Diretoria de Polícia Metropolitana.
Alguns investigadores e delegados que trabalharam com Tadeu também estiveram presentes. No final, um dos irmãos do policial prestou a última homenagem. Entre outras palavras, ele agradeceu pelo exemplo que o irmão deixou para seus filhos, irmãos e amigos.
“Você sempre lutou contra o tráfico de drogas e morreu trabalhando. Estamos muito orgulhosos de você!”. Ao fundo, policiais do Grupo de Pronto Emprego da Polícia Civil do Pará promoveram uma salva de tiros. Muito emocionada, Fátima Duarte, irmã de Tadeu, restringiu-se a fazer um curto comentário: “Estou sem condições de falar, mas acho muito estranho lavarem o local onde ele morreu antes da chegada dos peritos”.
O CASO
O fato a qual Fátima Duarte se refere sucedeu a morte de seu irmão. De acordo com os relatos de populares, policiais civis lavaram o local onde Tadeu de Oliveira foi atingido antes da chegada de peritos do Centro de Perícias Renato Chaves. A lavagem eliminou os vestígios de sangue que estavam no chão e comprometeu o trabalhos dos peritos.
O investigador Tadeu Duarte Oliveira, de 46 anos, foi morto na noite da última terça-feira (08) durante uma operação policial no município de Soure, na ilha do Marajó. Na ocasião, ele foi supostamente confundido com um traficante e atingido por dois disparos, que foram efetuados pelo delegado Felipe Schmidt, titular da Superintendência Regional de Campos do Marajó.
A tragédia ocorreu no momento em que uma equipe de sete policiais civis e militares realizava buscas em uma residência. A equipe chegou ao local em uma picape Hilux e se dividiram em duas equipes, sendo que uma entraria pelos fundos da residência, enquanto a outra invadiria pela frente.
Tadeu de Oliveira compunha a equipe que entraria pelos fundos, o que ocorreu rapidamente. Nesse instante, o policial estaria com a camisa amarrada na cabeça e acabou confundido com um dos supostos traficantes.
Com isso, ele foi alvejado com dois tiros, que perfuraram o tórax e a mão esquerda. Ao perceberem que haviam ferido um colega, os demais policiais não efetuaram mais disparos e correram para socorrer Tadeu. Ensanguentado, o policial foi levado para o Hospital Menino Deus, mas não resistiu aos ferimentos.
CHEGADA DO CORPO
O corpo do investigador Tadeu José Duarte de Oliveira chegou na manhã de quarta-feira (9) a Belém. O avião que transportou o corpo do policial pousou no Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira, próximo da avenida Júlio César.
Na oportunidade, os delegados Nilton Ataíde e Rilmar Firmino estiveram no aeroporto para providenciar as formalidades legais, tais como: o encaminhamento do corpo para o Instituto Médico Legal (IML), assim como as armas utilizadas por todos os policiais envolvidos na operação que resultou na morte do policial.
APURAÇÃO
Inicialmente, o caso foi acompanhado pelo delegado Arilson Caetano, titular da Delegacia de Salvaterra. Na quarta-feira pela manhã, ele conduziu para Belém o delegado Felipe Schmidt, que apresentou-se na Delegacia Geral e afirmou ter sido o autor do disparo que atingiu o policial Tadeu de Oliveira. Agora, um inquérito policial já está instaurado na Delegacia de Crimes Funcionais (Decrif) e o delegado foi ouvido na tarde de anteontem. (Diário do Pará)
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