sábado, 9 de maio de 2009

Capitão Assumção denuncia descaso com saúde bucal do brasileiro


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 078.3.53.O Hora: 09:06 Fase: BC
Orador: CAPITÃO ASSUMÇÃO, PSB-ES Data: 23/04/2009

O SR. CAPITÃO ASSUMÇÃO (Bloco/PSB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho relatar uma realidade sombria da saúde bucal do brasileiro: cerca de 40% dos nossos jovens de 15 a 19 anos de idade já perderam pelo menos 1 dente. E essa perda originou-se, em 93% dos casos, de uma cárie.
Esses dados foram revelados através de pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com matéria publicada na Revista de Saúde Pública.
É um resultado preocupante, principalmente porque a expectativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 9 anos atrás, era a de que 85% dos adolescentes brasileiros dessa faixa etária tinham a arcada completa. Mas o quadro que se apresenta é de apenas 60% dos jovens com os dentes completos.
A cárie surge pela ação de bactérias amontoadas em placas, formadas por má escovação, ausência de escovação e pela ingestão de açúcar.
A pesquisa da UFSC levou em consideração apenas as informações sobre os adolescentes. Ao todo, foi avaliada a saúde bucal de 16.833 jovens, de 250 cidades brasileiras. Essa pesquisa pretendeu avaliar o estado dos dentes dos adolescentes que tinham o benefício da fluoretação da água e dos cremes dentais. Percebeu-se que onde não havia água fluoretada o índice de perda de dentes foi 40% maior do que entre os demais.
Esse levantamento constatou que a quantidade de cáries está diminuindo, mas a perda dentária continua alta entre os jovens. Mais ações para esse público-alvo são fundamentais.
Esses resultados são deveras preocupantes já que a média atual de cáries em crianças com até 12 anos de idade é de 2,78 dentes. Mas, no que se refere a adolescentes, a média dobra para 6,2 dentes. Quando se trata de adultos, a média é de 20,1 dentes cariados, três vezes mais do que a dos adolescentes. Essa é uma preocupação, pois o índice de cáries é aceitável em crianças e cada vez pior entre os adultos. Fatalmente os idosos não terão mais dentes.
No entanto, iniciativa do Ministério da Saúde, com o Programa Brasil Sorridente, visando melhorar a saúde bucal do brasileiro, assistindo a população adulta com acesso a água e a cremes dentais fluoretados, além do tratamento dentário, terá reflexo positivo na diminuição desses índices.
Conforme dados do Ministério da Saúde, no ano passado 58% da população brasileira não tiveram acesso a escovas de dentes, ou seja, algo em torno de 4 escovas por ano, conforme recomendação dos odontólogos. Desses dados constam os que nunca escovam, os que o fazem de vez em quando e os que usam a mesma escova além do tempo normal.
A Política Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde iniciou a entrega, em março deste ano, de mais de 40 milhões de cremes dentais e escovas, em todo o Brasil. É uma grande iniciativa do Governo brasileiro, mas a escovação dos dentes tem de ser feita de forma correta. Para isso é necessária a presença constante de odontólogos à frente desses programas, para que a população brasileira possa ganhar consciência da importância da escovação e de outras medidas fundamentais à saúde bucal, de modo a reduzir as cáries nos brasileiros.
Finalizando, Sr. Presidente, informo que participei do 12º Congresso de Odontologia do Espírito Santo, promovido pela Associação Brasileira de Odontologia (ABO), sob a presidência do nosso renomado Dr. Norberto Lubiana, que teve início no dia 16 de abril, no Centro de Convenções de Vitória. No evento se levantou a importância da ampliação desses programas governamentais, com a maior participação dos profissionais de Odontologia, já que as metas estabelecidas pelo Ministério só serão alcançadas com a participação consistente dos odontólogos.
E quero manifestar o meu apoio ao PL nº 2.776, de 2008, do Deputado Federal Neilton Mulim, que estabelece a obrigatoriedade da presença de profissionais de Odontologia nas Unidades de Terapia Intensiva.
Essa lei será de fundamental importância para a redução do número de mortes em UTI e do índice alarmante de infecções decorrentes do não atendimento à região bucal do paciente internado em UTI.
Muito obrigado.

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