Governador assinará decreto que, na prática, legaliza o 'bico' desde que seja para serviços de segurança em municípios
Fábio Vasconcellos e Sérgio Ramalho
RIO - A prefeitura do Rio será a primeira a assinar o convênio com o governo do estado para contratar policiais militares de folga. A Secretaria estadual da Casa Civil conclui, nos próximos dias, o decreto que será assinado pelo governador Sérgio Cabral, autorizando que PMs trabalhem para as prefeituras. Na prática, a medida é um primeiro passo para legalizar o "bico" dos policiais.
( Secretaria exigirá redução de mortes em confrontos com a polícia para pagar gratificações )
Como antecipou no sábado o colunista Ancelmo Gois, do GLOBO , a prefeitura de Búzios também estaria interessada em contratar os policiais. Segundo o senador, Régis Fichtner, que reassume a Secretaria da Casa Civil nos próximos dias, integrantes da prefeitura do Rio e da Secretaria de Segurança já fizeram reuniões para acertar onde e como os policiais serão utilizados. A prefeitura, no entanto, informou apenas que ainda estuda a contratação dos PMs.
- Estamos finalizando o decreto, e o primeiro convênio será com a prefeitura do Rio. A Constituição autoriza as prefeituras com mais de 200 mil habitantes a terem policiais que possam ajudar na ordem urbana - garantiu Régis Fichtner.
Cabral diz que vai tirar policial da clandestinidade
Para o governador Sérgio Cabral, a medida é uma forma de trazer os policiais que hoje estão no "bico" em casas de festas ou estabelecimentos comerciais para servir o poder público nas horas de folga. Cabral explicou que o Rio não chegará ao modelo americano, que autoriza policiais fardados a trabalhar na segurança do setor privado.
- Lá (nos Estados Unidos), você vê o policial fardado, trabalhando para o supermercado, com o carro da polícia na porta. Aqui não. Aqui nós vamos tirá-lo da clandestinidade. Ele vai continuar com o seu distintivo e fardado, mas trabalhando para o poder público. (No passado) O estado criou uma série de barreiras que levavam a pessoa à ilegalidade. Nós estamos rompendo essas barreiras da melhor maneira possível para servir ao público - disse Cabral.
Segundo o prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto Balthazar (PMDB), a possibilidade de se oficializar o "bico" havia sido cogitada durante encontro com o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, há pouco mais de um mês. Eles discutiram a possibilidade de aumentar o efetivo do policiamento ostensivo durante o verão na cidade. O prefeito afirmou que, nesse período, a população do município mais que dobra:
- Temos 105 mil habitantes, mas no verão recebemos cerca de 150 mil turistas. A possibilidade de pagar pelo serviço de um PM será muito bem-vinda. Assim, durante a folga, o policial poderá reforçar o patrulhamento juntamente com a Guarda Municipal.
Fonte: Extra
29/12/2010 - 11h54
ResponderExcluirO "bico"
Um dos principais problemas que a presidente Dilma Rousseff vai enfrentar a partir de 1º de janeiro é o da segurança. Ou melhor, o da falta de segurança, que está crônico nas capitais e demais áreas urbanas.
Com as Forças Armadas no controle de favelas no Rio de Janeiro, uma operação que vem sendo preparada há anos, a coisa até que deu uma melhorada por lá. Mas essa é uma guerra que está longe de ser vencida e é preciso ir adiante, melhorar os sistemas, sofisticar o adestramento dos efetivos policiais e militares.
Agora mesmo, oficiais do Exército estão abismados com a declaração do governador Sérgio Cabral institucionalizando o "bico" para os policiais do Estado. Como eles têm um sistema de folga de 24 por 72 (trabalham 24 horas e folgam três dias seguidos,) já estão liberados na prática para trabalhar na iniciativa privada e, agora, como anuncia Cabral, também par a as prefeituras.
Em resumo: os policiais têm "folga" para trabalhar. Hoje, muitos dão segurança à paisana para os mesmos criminosos que combatem quando estão fardados, naquelas 24 horas de trabalho. A partir de agora, darão segurança extra para as Prefeituras. É ou não legalizar o "bico"?
Eis o que diz o governador:
"Lá (nos Estados Unidos), você vê o policial fardado, trabalhando para o supermercado, com o carro da polícia na porta. Aqui não. Aqui nós vamos tirá-lo da clandestinidade. Ele vai continuar com o seu distintivo e fardado, mas trabalhando para o poder público. (No passado) O Estado criou uma série de barreiras que levavam a pessoa à ilegalidade. Nós estamos rompendo essas barreiras da melhor maneira possível para servir ao público".
Leia-se: já que não pagamos convenientemente nossos policiais, já que eles estão por aí mesmo fazendo segurança privada até para marginal, já que não há controle nenhum e cada um faz o que quer... então vamos dar ordem à bagunça. Como? Formalizando a bagunça.
Os oficiais acharam um acinte. Para eles, significa que os soldados vão trabalhar para os policiais, enquanto estes tiram três dias seguidos de folga para trabalhar para terceiros. "Assim, não dá", disse um militar de alta patente.
Na opinião de setores do Exército, o ideal é mudar essa escala, até porque ninguém, nem policial, nem bombeiro, nem médico, nem enfermeiro, trabalha seguido 24 horas. Boa parte dessas horas são usadas para um descanso, um sono razoável. Então, acabem-se com as 72 horas consecutivas de folga remunerada que não são folga coisa nenhuma. e pensem-se em outras compensações.
O Exército já subiu o morro do Alemão, por exemplo, e a expectativa é de que a operação, até agora tão bem sucedida, seja ampliada para os demais complexos do Rio. Veja que a polícia já endurece na Rocinha às vésperas do Reveillon e da posse de Dilma em Brasília e a de Cabral para o segundo mandato no Rio. Chamar o Exército para a Rocinha também parece uma questão de tempo.
Mas, com os soldados fazendo papel de polícia e e a polícia de folga, fica complicado.
Muitos países permitem que policiais trabalhem na iniciativa privada. As "off duty cop agencies" são bastante comuns nos EUA, onde vários estados - entre eles Nova York e Texas - já regularam a prática.
ResponderExcluirNormalmente, exige-se 1) um número mínimo e máximo de horas "on the job" para quem quer trabalhar na iniciativa privada e 2) cadastramento prévio de cada hora trabalhada ao lado. Assim, tem-se pleno controle de onde os policias estão e quando.
Chamar a regulação dessa prática de bagunça é bobagem.
"Bico" é um absurdo.Tenho 26 anos de Bombeiro no RJ e devido ao baixo salário trabalhei a vida toda no horário que devia ser de folga,para melhorar a vida da minha mulher e filho.Fiz segurança,vendi doces ,fiz capina em quintal etc,tudo para levar um dinheiro honesto para casa.O que ganhei? Meu casamento acabou,não vi meu filho crescer,tudo pelo stress de trabalhar na folga quando deveria estar com os dois passeando como todo trabalhador que pode faz.Por isso sou contra o "bico".Nós temos que receber um salário digno pois o nosso trabalho é salvar e proteger vidas,o que não tem preço,e termos horário de descanso para em serviço nos dedicar-mos mais ainda e folga para o lazer mais do que merecido.Feliz 2011 a todos.
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